segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Parabéns

Existem certos dias em que sua ausência é acentuada pelas milhões de coisas que se passam em minha cabeça.

Sei que não éramos muito próximos, às vezes passávamos horas sem trocar uma palavra, como quando você me levava para o colégio de manhã.
Talvez fosse o sono, ou "O Pulo do Gato" da Rádio Bandeirantes tocando no rádio que não deixava a nossa conversa fluir. Mas sua presença me fazia bem.

Nossas brigas eram raras, e mesmo assim eu morria de medo de você.
A mamãe sabia, tanto que toda vez que eu queria alguma coisa que ela não queria deixar eu fazer, ela mandava eu falar com você. E você, com sua confiança em mim sempre deixava e eu ia feliz.

Hoje eu sei porque vocês brigavam comigo quando eu ficava trancada no quarto sozinha, ou quando não queria passar o final de semana na praia. Exatamente para eu não sentir este remorso, essa angústia, essa culpa por não ter te aproveitado mais, passado mais tempo com você.

E pensar nas milhões de vezes em que eu tive a oportunidade de dizer milhões de coisas e não disse nada.
Mas é claro, também lembro dos bons momentos. Das nossas andanças pelo centro da cidade - um passeio que nunca mais será completo - das nossas viagens, dos seus almoços, principalmente os da praia... A casa sempre cheia, do jeito que você adora.

Acho que nunca senti tanto sua falta como agora. E hoje, dentre tantas coisas que eu tenho engasgadas para dizer a única coisa que eu queria era poder dizer parabéns.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Entrevista com uma Pedra

Quando cheguei para entrevistá-la, a pedra estava mal-humorada. Não gostava de dar entrevistas.Ela tinha descido a colina rolando, pois queria logo acabar com isso, então veio ao meu encontro mais rápido que pôde.

Eu: Bom dia!

Pedra: Bom dia!

Eu: Está confortável assim, ou prefere ir para outro lugar?

Pedra: Vamos fazer esta entrevista aqui mesmo. Quero acabar logo com isso.

Eu: Sem problemas. Gostaria de perguntar-lhe, primeiramente, como acha que as outras pedras reagirão à sua entrevista? Afinal, para nós, humanos, as pedras não falam.

Pedra: Eu só concordei em ceder-lhe esta entrevista porque acho um absurdo os humanos pensarem que são superiores que os demais seres, só porque têm cérebro. Existem outras formas de pensar sem cérebro. É a mesma coisa que nós, seres da Terra acharmos que estamos sozinhos nesta imensidão que é o Universo. Claro, talvez não existam seres semelhantes a nós (digo a nós pedras, apesar de que a vocês, humanos, também não existam), mas que eles existem e estão lá... ah! Isso é um fato! As outras pedras talvez fiquem bravas, me privem do convívio com as outras pedras, mas eu acredito que, no fim, estarei fazendo um grande favor a todas as minhas semelhantes, desde a montanha mais alta, até o menor grão de areia; por mais que elas temam que isso aconteça agora, talvez, no futuro, quando todos saberem que todos os seres deste planeta têm sua maneira de pensar e de conviver com seus semelhantes, o convívio entre espécies diferentes se torne mais harmonioso.

Eu: Você crê que, com esta grande revelação, nós (quando digo nós, não digo nós todos mas nós a espécie) talvez tenhamos uma reação contrária a que você espera?

Pedra: Talvez, mas eu gosto de correr riscos. Todas as pedras gostam. As que vivem perto do mar se desgatam mais, afinal a briga com o mar parece ser eterna, as que vivem mais para o inteiror temem o homem. Vocês gostam demais de nos agredir. Gostaria de registrar, através desta entrevista que nós, pedras também temos sentimentos!!

Eu: Mas nós não sabíamos disso, e também precisamos de vocês para continuar o nosso progresso.

Pedra: Vocês são muito individualistas. Pensam somente no seu progresso, na sua casa, na sua rua, na sua avenida. Agora que revelei ao mundo que nós, Pedras (escreva com maiúscula, sim?) também somos providas de inteligência e sentimento vocês poderiam parar com isso.

Eu: Mas Pedra, não há como impedir o progresso da vida humana.


Pedra: Não quero saber. Existem pedras que, de tanto medo de vocês, humanos, se suicidam. Claro, acabam causando catástrofes na vidinha perfeita de vocês e vocês ficam revoltados. Eu não tenho medo, tanto que vim até aqui, dizer ao mundo o que acontece com nós por causa de vocês. Chega, não falarei mais nada porque vocês, de inteligência limitada nunca vão entender como é difícil ser uma pedra.

Eu: Obrigada Pedra por esta entrevista tão esclarecedora.

Pedra: Disponha.

A Pedra virou-se e viu um caminhão pilotado por humanos tentando retirá-la do caminho. Já nervosa começou a gritar com todos os que a apalpavam. Assustados todos saíram correndo e ela saiu, feliz, rolando de volta ao lugar que pertence.


Esta é mais uma das loucuras que meu
professor de criação de texto me manda fazer...

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Porque Paula não tinha um blog

Paula sempre gostou de escrever. Sobre qualquer coisa, mas principalmente, gostava de escrever sobre coisas que a incomodavam. Coisas até que particulares, mas que, mesmo quem conhecesse ela, não saberia logo de primeira do que se tratava.
Eram coisas que ela raramente contava para alguém.

Ela nunca gostou muito daquela coisa de diário... Sempre que começava um, parava logo depois.
E foi assim com todos os blogs que iniciou:

- Desta vez - pensou ela - vou fazer diferente. Sem escrever estas coisas sentimentalistas que ninguém entende direito e que sempre me fazem desistir do blog. Mas escrever sobre o que?
(Eu sei, este foi o post anterior)

Bom, enfim, o que eu sei é que Paula resolveu montar um blog mais uma vez. Mas as "coisas de Paula" sempre estavam lá. É algo que ela não consegue abandonar com tanta facilidade.

E hoje, após muito pensar, Paula resolveu escrever tentando explicar o porquê do repentino abandono deste blog que quase ninguém lê.

Ela queria escrever coisas diferentes, mas o que vem à sua cabeça é sempre a mesma coisa. Não a mesma coisa igual todo dia, mas a mesma idéia sobre várias idéias diferentes.

Mas Paula constatou que não ia mudar mesmo e resolveu continuar assim. Continuar o blog. Continuar a pensar as milhões de coisas que se passam dentro da sua cabeça sem nem mesmo ela entender. Continuar a escrever o que lhe vier a cabeça, mesmo que tudo o que lhe vier a cabeça não passar de sentimentalismo barato.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Ressaca

Essa semana foi assim, uma ressaca.
Domingo ressaca do sábado, e durante a semana ressaca da vida.

Ressaca do emprego, ressaca da família, dos amigos e inimigos. Ressaca de tudo que me rodeia.

Que bom que quando vem a ressaca, um remedinho já resolve